São 22: 41hs. Saio do trabalho e pego meu rumo pra esperar meu ônibus na parada. Como tenho que esperar 15 minutos, ligo o som, aperto o Shuffle e começo a viajar.
Passo por Vancouver em 2001, e me lembro de quantos amigos fiz naquela época, vários momentos me vieram à mente em uma única música. Me lembro de quando voltei a Brasília depois dessa viagem e me vem forte a sensação de bem-estar que eu senti naquele dia. Me lembro bem de estar atravessando o camarote da "Micarecandanga", de braços abertos e gritando pras minhas amigas: estou no Brasil!!!!
Dali, vou direto pra minha época de 2o grau... Fase da minha adolescência, milhões de descobertas, naquela época eu só queria saber de farra. rs... Me lembro de matar aula no gramado do Sigma, com minhas amigas, a gente ouvindo "ê saudade, que bate no meu coração" e comentando os acontecimentos da última festa.
Depois, vou direto pra época de faculdade, mulherada reunida, fosse no bar, fosse nas boites "da moda". Antilla, Swinguers, Dom Taco, meu Deus, como era bom estar ali com minhas amigas. Amigas-amigas e amigas-de-farra, que também eram ótimas companhias, diversão garantida. Entre risadas, fofocas e flertes, a noite sempre (ou quase sempre) acabava bem, com histórias pra serem lembradas depois, nos mínimos detalhes. Quase sempre mesmo, porque volta e meia alguma de nós saía chorando da festa. rs... Quem é mulher, sabe o que é isso...
Não sei porque, mas lembrei também de quando tirei minha carteira de motorista e saí dirigindo pela primeira vez com minhas duas irmãs no carro, as duas se divertindo com cada balão que eu "catava a guia". =)
Volto alguns anos, direto pra época do ballet (fiz ballet por 11 anos), lembrei disso ouvindo uma música que a gente fazia alongamento e, nossa... Tô precisando voltar a fazer alguma dança. Dança é a melhor terapia pra mim. Tentei fazer uma aulda de hip-hop aqui com as meninas do trabalho, mas me senti a maior desengonça do mundo. rs...
Adianto "a fita" pra poucos anos atrás, fase da produtora... Galerinha doidinha, amigos queridos e verdadeiros, gente falsa no meio também, mas era bom demais. A gente tinha as terças da plebe, que viraram quarta, quinta e depois era em qualquer dia, pra "plebe" se reunir em algum boteco e jogar conversa fora. Tinham os almoços no Outback, lanches de madrugada, Haná, Haná e Haná! Ganhei o "carinhoso" apelido de Cão matinal, sempre acordava as pessoas de manhã(Wergles que o diga) com alguma emergência da produtora... Mas eu juro que não era culpa minha!!!
Ali eu ralei, viu. Me stressei muito, é verdade. Já tive que trabalhar com 40 graus de febre, virei noites e noites, e durante algum tempo não sabia o que era ter fim-de-semana. Perdi a conta de quantas vezes acordei às 4 da manhã pra produzir um vídeo, indo dormir às11 da manhã, só que do dia seguinte. Mas entre uma gravação e outra, vivi momentos únicos, com pessoas únicas, em lugares únicos.
Lembrando disso, volto pra época do Rio, em 2004. Foi ali que descobri essa "cachaça" da produção. Viciei lá mesmo. Me metia em cada uma, que até Deus duvida, mas com o maior prazer do mundo. Fase conturbada da minha vida, mas também de muito aprendizado e auto-conhecimento.
Enfim, já tô falando demais... CORTA!
Fiz esse brainstorming no ônibus, escrevi palavras-chave enquanto viajava no meu mundinho. Aqui é assim... Os sentimentos são sempre mais intensos do que o normal, pelo menos é como eu sinto. Se uma música me lembrava uma certa época, aqui, as lembranças vêm com muito mais força, são muito mais vívidas.
Me lembrei de ter lido sobre isso quando ainda estava no Brasil e hoje isso faz todo sentido pra mim... Milhares de lembranças e sensações surgem, em questão de minutos. Uma imagem trás uma lembrança, que puxa outra lembrança e aí começa o brainstorming...