terça-feira, 11 de março de 2008

Et finalement... la merde blanche!

Ok, ok... A merda branca ganhou o jogo. Je ne peux plus. Chega de tanta neve!
Gente, em abril nós vamos completar 6 (SEIS!!) meses debaixo de neve. Dizem que há muitos anos não nevava desse jeito, e realmente, tá sinistro! Até agora, foram mais de 300 cm de neve acumulada. O orçamento do governo do Québec reservado pro déneigement já está mais que saturado. Algumas cidades já desistiram de retirar a neve das ruas, porque não tem mais onde jogá-la.
Essa última tempestade foi coisa de louco! Eu estava no trabalho e da janela, pude acompanhar a evolução da neve, cobrindo um carro estacionado na rua. Era tão rápido, que a cada vez que eu olhava, parecia que eu assistia a um filme em modo acelerado.
O pior foi na hora de ir pra casa: tive que ficar na fila do ônibus por alguns minutos, sentindo a neve sendo literalmente jorrada na minha cara (por sinal, a única parte exposta). Daí eu virava o corpo pro outro lado, mas a ventania espalhava a neve por todos os ângulos, não tinha como escapar. Acho que nunca senti uma sensação tão bizarra. Bizarra e contraditória, por vários motivos:
1-Imagina você escutar o barulho da neve sendo jorrada em você, é o mesmo barulho da areia na praia quando venta e bate nas suas pernas. Deu pra imaginar? Agora imagina isso sem a dor. rs... Porque como é neve, pelo menos não dói quando bate no rosto. O incômodo mesmo é por ser frio.
2-Tempestade é sinônimo de raios e trovões, certo? Errado! Tempestade de neve, meu amigo, é do tipo mineirinho, come quieto. É tão silenciosa que às vezes é difícil acreditar que está esse caos todo. Barulho mesmo, só da ventania.
3-A mais complexa contradição de todas: é lindo!! Lindo de ver toda aquela neve caindo, você olha pro céu e vê a neve vindo... Os carros brancos, a cidade toda branca... Não sei se ainda é vestígio da novidade, mas é bonito mesmo.
Mas... Como nem tudo está perdido e todos nós sobrevivemos (!!), aqui vão alguns videozinhos e fotos dos dias pós-tempestade que fizemos. Por pior que digam na mídia, eu ainda acho a estrutura da cidade incrível nessas horas.
Alguns dias antes da tempête, fomos à festa da Lumière, a Nuit Blanche de Montréal. Show de bola, foram mais de cem atividades organizadas, com estrutura de ônibus na madrugada pra levar aos principais eventos. Museus, bares, cinema, até a biblioteca ficou aberta durante quase toda a noite, com programação lá também.
No videozinho, a mulherada "se fazendo" numa Cabane à sucre.

terça-feira, 4 de março de 2008

Algumas coisinhas que admiro nos quebecoises

A impressão que tenho aqui é que a consciência dos quebecoises (e imigrantes de muitos anos) está crescendo cada dia mais, em relação ao aquecimento global. Eles têm uma consciência muito legal de como nós podemos ajudar a, pelo menos, não poluir ainda mais o meio-ambiente.
Uma forma deles fazerem isso é simplesmente rejeitarem os saquinhos plásticos na hora de fazer uma compra pequena. Aqui tem uma campanha muito forte pra você comprar sua própria sacola de supermercado (biodegradável) e utilizá-la várias vezes, não precisando assim, dos saquinhos plásticos, e conseqüentemente, poluindo menos o meio-ambiente. Mas o fato é que, mesmo quem não tem essa sacola em mãos, geralmente diz que não precisa do saquinho pra guardar o pouco que comprou. Eles simplesmente colocam na bolsa, na mochila, no bolso, etc. E o melhor é que as pessoas ainda comentam coisas do tipo "não preciso de saco não, vamos ajudar o meio-ambiente"... Ou seja, é por este motivo mesmo! Muito legal isso!
Por falar em ecologia, vocês sabiam que até 2010 Montréal terá um imóvel de 5 andares, construído com 100% de materiais reciclados ou reutilizados?? Além disso, ele vai ter toda uma estrutura com consumo menor de água e de energia elétrica. No final do ano passado, saiu uma série de reportagens sobre este projeto e o bairro vai ser considerado como um dos mais ecológicos do mundo!
Mas fugindo um pouquinho do assunto ecologia, outra coisa legal que observo aqui é que eles fazem o maior esforço em ajudar a pessoa na hora do troco de uma compra. rs... Quando o preço final, já com as taxas dá um valor quebrado, eles normalmente calculam rapidinho uma forma de te fazer gastar menos moedas, arredondando pra 1 dólar, ou pra 25 cents, e por aí vai. Isso não é muito comum no Brasil, né? Pelo contrário, são as pessoas dos caixas que às vezes ficam sem troco porque não têm moedas.
Mas acho que isso aqui faz parte da cultura geral do quebecois, esse hábito de simplesmente olhar pro outro, ajudar expontâneamente... E nós só temos a aprender com isso!